Vamos Salvar o Jardim da Parada

ATENTADO CONTRA JARDIM HISTÓRICO DE LISBOA

PROJECTO DO METRO “DESCARRILA” EM CAMPO DE OURIQUE

Na urgência de aproveitar os fundos do PRR, Metropolitano de Lisboa e Junta de Freguesia de Campo de Ourique, consideram o jardim público do bairro como a melhor opção para situar a nova estação da Linha Vermelha. 

Apesar do pasmo da população, recusam debater outras localizações antes projectadas e tidas como viáveis (caso da Estação nos Prazeres), visto o jardim apresentar-se como um espaço “vazio” de habitação e de infraestruturas na malha apertada de Campo de Ourique, tornando-o presa fácil para decisores precipitados.

Mesas Jardim da Parada

Jardim histórico de Lisboa

Há bem mais de 100 anos que tudo gira no seu eixo. Da vida dos cafés, à farmácia de sempre ou à livraria do bairro, do comércio essencial ou da antiga biblioteca móvel à contemporânea feira de poesia e à feira de artesanato, milhares de pessoas escolhem diariamente este quarteirão protegido por uma cerca de grandes lódãos centenários para fazer o seu trajecto diário através do acolhimento das árvores ou para usufruir de algum dos seus vários equipamentos: parque infantil, lago de patos, quiosque com wi-fi gratuito e comida e bebida até às duas da manhã, coreto, e ainda mesas e cadeiras de jardim, de uso livre para todas as gerações.

Guia rápido dos pontos essenciais


A estação do metro de Campo de Ourique será construída debaixo do Jardim da Parada, a 31 metros de profundidade, ocupando a maior parte do subsolo deste quarteirão.

Na zona onde hoje existem as casas de banho públicas, é levantada uma estrutura maior para dois elevadores de acesso à superfície.

Uma escada de emergência e uma grelha de ventilação ficarão também permanentemente no jardim.

Haverá mais quatro acessos à estação: dois situam-se no passeio da Rua Almeida e Sousa entre as Ruas Ferreira Borges e 4 de Infantaria (um mais perto do restaurante italiano Fiammetta e o outro mais próximo da Livraria Ler); os outros dois na Rua Francisco Metrass (sensivelmente onde hoje é o supermercado Go Natural e a seguir ao Cinema/Biblioteca Europa, respectivamente).

COMO SERÁ O ESTACIONAMENTO?

Se o estacionamento no Jardim da Parada e restantes zonas de intervenção é suprimido durante os anos de construção, já o estacionamento nas zonas onde ficam os 4 outros acessos é suprimido permanentemente.

O Metro diz que resolve problemas de mobilidade e não de estacionamento, o presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique aponta como hipótese vir a poder ocupar o terreno entre a rua de Campo de Ourique e o fim da Rua Ferreira Borges, para compensar alguns lugares de estacionamento durante a fase de construção.

O estacionamento ficará de qualquer maneira reduzido, durante a obra e depois da chegada do metro.

duração da obra                                  

O tempo estimado para a obra é de dois/três anos: 2024, 2025 e 2026.

Neste momento, e depois de várias alterações já introduzidas pelo Metro a pedido da Agência Portuguesa do Ambiente e das entidades competentes, o projecto está à espera da aprovação final.

Neste projecto que está em avaliação, o Jardim da Parada é perfurado através de dois poços de ataque – um na zona das casas de banho e o outro (traçando uma diagonal), na esquina oposta. 13 árvores são removidas à partida e mais 10 estão assinaladas como ficando em risco eminente.
Em sessão de esclarecimento à população de Campo de Ourique, o metro já apresentou versão diferente, que minimiza o impacto ambiental.

Jardim da Parada

dificuldade no acesso aos documentos

Mais um estudo prévio, e apesar dos reiterados pedidos de um grupo de moradores para que os novos documentos sejam facultados para análise, não houve até à data qualquer resposta.

Sem qualquer plano de engenharia analisável, sabemos apenas que na apresentação em Campo de Ourique, o metro disse estar a trabalhar num projecto de “optimização” que elimina o poço de ataque na esquina da Rua Infantaria 16 com a Rua 4 de Infantaria, não interferindo portanto directamente com o arvoredo desse lado.


alterações ao projeto

Quanto ao poço de ataque na zona das casas de banho, em vez das 11 árvores que estão assinaladas para remoção no projecto apresentado às entidades avaliadoras, o metro diz à população que só removerá seis exemplares.

E acrescenta o presidente da Junta de Freguesia que, futuramente, estes lódãos serão substituídos por árvores de menor porte.

Mais uma diferença entre o projecto apresentado às entidades competentes e aquele que foi exposto em Campo de Ourique é o estaleiro da obra, que em vez de ocupar o jardim na sua extensão quase completa, será dividido em dois: um na zona do poço de ataque e outro ocupando o passeio e metade da faixa de rodagem da Rua 4 de Infantaria.

danos ao ecosistema do jardim

Nenhuma das alterações introduzidas modifica de qualquer maneira os danos infligidos ao ecossistema natural e social do jardim.

A circulação permanente de veículos pesados para retirar os escombros, o ruído infernal, a vibração e a poluição atmosférica causadas pela obra durante cerca de três anos, inviabilizam qualquer actividade humana de lazer, paz e descanso e afectam perenemente a saúde das árvores e do subsolo.


parecer da Quercus

No parecer enviado à Agência Portuguesa do Ambiente, a Quercus afirma que esta construção altera as condições edáficas do solo e coloca em risco todas as árvores existentes no jardim, incluindo as classificadas.

Diz ainda que a mesma “é totalmente incompatível com o desenvolvimento radicular das árvores de grande porte e conduzirá à destruição do mesmo”.


Para onde será transferida a vida do jardim?

Se a população mais velha e mais jovem fica durante anos privada do seu território de convívio, já a população infantil será conduzida a um novo parque, de localização ainda desconhecida.

Todos aqueles que frequentam a Escola Básica Ressano Garcia, sofrerão ainda pela perfuração e construção de um poço de ventilação que ficará permanentemente no terreno lateral à escola.


até onde nos levará o metro?

A Linha Vermelha que vai chegar a Campo de Ourique, leva-nos à Infante Santo e a Alcântara para o lado Ocidente e às Amoreiras e São Sebastião da Pedreira rumo a Oriente e ao Aeroporto.

Os habitantes locais e pessoas que aqui trabalham e que se deslocam diariamente no centro de Lisboa (entre o Campo Grande e Avenidas até à Baixa e Cais do Sodré), terão que usar a Linha Circular Verde que podem apanhar no Largo da Estrela.


Estaleiro metro jardim da parada

metro sim, no jardim da parada não!

Independentemente da forma como cada um de nós encara o custo/benefício de uma estação da Linha Vermelha em Campo de Ourique, não podemos cair em leituras fantasiosas ou cândidas sobre a sua localização no único e centenário jardim do bairro.

Não se troca um equipamento social por outro. Tal como não se troca uma escola por um hospital, não se resolvem problemas de mobilidade ou de descarbonização hipotecando um jardim.

Cláudia Moura
Cidadã de Campo de Ourique
Fontes: Prolongamento da Linha Vermelha, participa.pt/APA; Sessão de Esclarecimento Metropolitano de Lisboa/Junta de Freguesia de Campo de Ourique; Quercos – ANCN, Contributo para a Consulta Pública, Avaliação de Impacto Ambiental da Extensão da Linha Vermelha.

VAMOS À AÇÃO?

Se também quiser Salvar o Jardim da Parada, lutar para que um dos últimos jardins românticos de Lisboa se mantenha intacto, junte-se a nós!
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